Texto de opinião de Manuel Madeira Piçarra, fundador e diretor do Diário do Sul.

A Imprensa Regional no nosso País é o único meio de informação-papel que chega a vilas, aldeias e lugares do interior do País e vai a casa do leitor assinante.

Dados não oficiais apontam para 8 jornais diários e cerca de 100 semanários, a maioria com 50 anos de existência.

Estes jornais são quase todos privados e familiares e alguns deles vêm de geração em geração.

Cálculos recentes apontam para cerca de 8 milhões de exemplares-ano que são distribuídos na totalidade do País.

A missão que lhe é atribuída pelos leitores refere que é a informação de proximidade dos eventos e do que se passa nas áreas em que são editados.

Estes jornais estão fazendo aquilo que compete ao Estado: Levar literacia ao interior profundo do País.

Os leitores destes jornais são pessoas após os 40 anos de idade e que não dispensam saber o que se passa no seu concelho ou distrito e essa leitura alarga-se aos portugueses ausentes no estrangeiro. Esse é o grande mérito da Informação Regional que promove no papel contactos que doutro modo se perderiam.

A Imprensa Regional viveu com equilíbrio financeiro até ao ano 2000 quando o Estado lhe cortou apoio à distribuição no interior.

Na epidemia da Covid-19 redes sociais causaram pânico nos leitores acusando os jornais de levarem o vírus no papel.

Foi tremenda perda de leitores e o Estado não reagiu. Daí se acrescentou a quebra de 80% na Publicidade Regional.

A seguir a Guerra na Ucrânia levou à proibição de compra de papel na Rússia pelo que os custos subiram 3 vezes mais na impressão.

Os editores regionais tiveram que recorrer à Banca e para evitar os despedimentos reduziram o número de páginas. Assim a crise ficou preocupante.

O futuro da Imprensa Regional não foi analisada pelo Governo em 2023 e muitos jornais suspenderam o papel enquanto outros não voltam a sair.

A solução está dependente do Estado a quem compete apoiar a Literacia no interior do País. Toda a Europa já o fez e em Portugal apenas na Região Autónoma da Madeira foi apoiada.

Outra medida indispensável cabe ao Poder Local para que os concelhos não fiquem sem os seus jornais regionais. A recuperação exige medidas dos governantes.