Texto escrito por Catarina Carvalho, diretora do jornal Mensagem de Lisboa.
Na Mensagem de Lisboa gostamos de fazer coisas novas, jornalismo novo. Mas não é pela sedução do novo, ou pela vaidade de brilhar. É porque sabemos na pele – e nas nossas vidas anteriores – como a crise do jornalismo tem tanto a ver com as falhas do modelo de negócio como com uma certa modorra a que ele se rendeu. Fazemos coisas novas porque acreditamos que o jornalismo é um dos poderes da sociedade para se tornar melhor, e queremos ser mais úteis, mais próximos, mais ativos.
Sendo assim, há exatamente quatro anos, tantos quanto a Mensagem faz este mês, perseguimos uma ideia: levar o jornalismo e Lisboa a palco, juntos. Lisboa porque é a nossa casa, e Lisboa porque, como andamos a mostrar desde 2021, esconde histórias em cada canto…
E o que é a Mensagem ao Vivo?
É assim: são as histórias que a Mensagem conta, mas em palco, contadas pelos seus protagonistas nas mais variadas formas. Pode ser um monólogo, uma entrevista, um poema, uma canção, um número de circo, uma dança, uma mini peça musical.
Em 2023 começámos a desenhar isto com o Miguel Loureiro que nos abriu as portas do Teatro Municipal São Luiz, e o Gonçalo Reis, da Lisboa Cultura. Ambos entraram nesta “coisa que não sabemos bem o que é entre jornalismo e teatro”, com confiança total. Com eles trouxeram toda a fantástica equipa do teatro.
E agora, todos os meses, todos juntos, público, jornalistas, leitores e membros da nossa comunidade, e os protagonistas das próprias histórias, numa sala linda como é a do São Luiz, para partilharem, histórias, vida, cidade.
Alguns exemplos:
O rapper GDM, meteu-se com o público com o rap improvisado que fez nos comboios
Eupremio Scarpa partilhou a ligação de um italiano ao futebol e aos bairros de Lisboa
João Almeida apresentou os livros escritos por ele, um varredor de rua
Alice Neto de Sousa leu um poema do Martim Moniz
João Gama mostrou os óculos que faz com skates
O Teatro Apriori, de Sacavém, cantou num número de música e dança a sua história
Marco Neves falou dos sotaques de Lisboa
Pedro e Soraia relataram o amor proibido de um gentio e uma cigana no Zambujal
Lucas Pina, mostrou como um músico de São Tomé faz do Chiado o seu palco
Ferreira Fernandes trouxe o jornalismo para dentro do teatro, com as suas memórias de repórter que aprendeu a ouvir a cidade
Tudo isto ao vivo, sem rede, no palco. Em todos os números, Nuno Saraiva desenha ao vivo, transformando histórias numa ilustração.
E que bonito que tem sido. Rimos, choramos e batemos palmas. Celebramos a cidade, através de quem a faz todos os dias – numa homenagem que tem tudo de jornalismo. Quem esteve, saiu com a cidade um pouco maior dentro de si. Quem não esteve, tem nova oportunidade a 1 de março, às 15 horas. A entrada é gratuita, mas os bilhetes devem ser levantados na bilheteira do teatro uma hora antes do início do espetáculo.
Catarina Carvalho


