A Associação Portuguesa de Imprensa e os editores presentes no Dia Nacional de Imprensa, celebrado nos dias 16 e 17 de maio de 2024 no Museu do Fado, em Lisboa, aprovaram um conjunto de propostas a favor da imprensa de língua portuguesa:
Os desafios da imprensa e o mercado da língua portuguesa foram os temas do DNI. Inspirados no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa e no Dia Mundial da Língua Portuguesa, os editores sublinharam a importância que estas datas significam para todos os profissionais do setor que representamos e a responsabilidade que temos em defender e valorizar a língua enquanto património mundial e que nos liga ao mundo que fala em português.
Nesse sentido, é importante reforçar a implementação de novas parcerias entre órgãos de comunicação sociais de países lusófonos e nos países onde a comunidade portuguesa é relevante, partilhando experiências e potenciando soluções para o futuro deste setor que está a passar pelos maiores desafios de sempre.
A par desta cooperação defende-se de igual modo o aprofundamento de parcerias entre as marcas de imprensa de cada país e região.

50 anos depois do fim da censura e da reconquista da Liberdade de Imprensa, é de mais sublinhar que sem uma comunicação social livre e pluralista não há democracia, e essa batalha tem que continuar a ser uma conquista diária para os nossos jornais e revistas. Como afirmámos na campanha internacional a que nos associámos e que assinalou o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, Nós Acreditamos no Jornalismo, e sabemos que só a sua força é capaz de enfrentar a manipulação e a mentira, a parcialidade e os interesses, a falsidade e a descontextualização, o preconceito e a exclusão.
A Associação Portuguesa de Imprensa é a casa dos editores portugueses e os editores portugueses não estão contra os jornalistas, estão ao lado dos jornalistas, ao serviço dos leitores, dos ouvintes e dos espetadores. Somos parceiros de uma causa comum, a defesa da imprensa, a liberdade de imprensa e o direito à informação. Queremos alertar para a situação insustentável das empresas que representamos e procurar soluções junto da sociedade para que façamos frente aos problemas que ameaçam o nosso setor e encontremos soluções justas e exequíveis sem comprometer a nossa missão de utilidade pública.
Ano após ano, continuamos a manifestar a desilusão e preocupação face ao quase silêncio e à manifesta indiferença do Estado Português em relação às nossas propostas, que abraçam a defesa do direito constitucional do cidadão ser informado, o que já não acontece em grande parte do território português, em que muitos municípios não possuem um único órgão de comunicação social e assim abre caminho à iliteracia jornalística e cívica.
Portugal não pode adiar por mais tempo a adoção de medidas em favor da defesa da imprensa. O mercado não responde às necessidades do setor, o Estado deve encontrar respostas necessárias e duradouras que permitam à imprensa cumprir a sua missão, pois só assim fortalecerá a democracia. Das empresas jornalísticas às distribuidoras, todo o ecossistema enfrenta enormes fragilidades; a insustentabilidade do setor promove o avanço do deserto de notícias em mais concelhos do país.
Ao longo destes dois dias, os editores trocaram experiências e profundaram estratégias para responder às exigências da era disruptiva que a sociedade atravessa, tais como a inteligência artificial, os contributos da tecnologia, a desinformação, o futuro dos media, a imprensa e a democracia, o futuro da Lusa e a sua relação com os editores.
A Associação Portuguesa de Imprensa renova os compromissos de continuar a debater e a defender a imprensa portuguesa, numa relação aberta ao mundo e ao futuro.
Lisboa, 17 de maio de 2024