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Henrique Pires Teixeira

Opinião

Homenagem a Aires Castro

20 de Setembro de 2024

Texto de opinião de Henrique Pires Teixeira, advogado e ex-diretor do jornal “A Comarca”.

Não foi sem alguma tristeza e mesmo choque que li na edição de julho do jornal “Serras de Ansião” o texto de despedida de diretor da publicação do meu muito querido amigo Aires Castro.

É certo que ninguém é eterno, mas todos tendemos a acreditar nisso. Habituámo-nos durante largos anos ao cunho e ao perfil do Aires Castro na condução dos destinos do periódico que a mera hipótese de vê-lo retirar-se nunca tivesse morado nas nossas conjeturas.

Ninguém pode recusar que o Aires Castro sempre foi um jornalista íntegro e apaixonado pelo ofício, batalhando sem temor pela independência editorial, política e económica do jornal. E não só nos seus textos como nas mais diversas intervenções públicas cultivava a elegância e a imagética, sem quebra da assertividade, do conhecimento e do rigor.

Claro que não semeou só amigos e admiradores (como nós somos), porque os seus escritos não eram anódinos e muito menos despidos de convicções. Surgir aqui e ali um detrator beliscado pela sua pena não causará assim surpresa.

Mas se há defeitos que jamais lhe poderão ser apontados, seja por quem for, são o da falta de frontalidade, de transparência e de lealdade. E muito menos o da falta de compromisso com a verdade.

Se é exato que ninguém é eterno, os bons exemplos que se deixam, como no caso do Aires Castro, seguirão a atravessar os tempos.

Deixou a direção do jornal, mas nós não o deixámos. Prosseguimos na admiração da sua personalidade e das suas qualidades jornalísticas vincadas por exemplo nesse grande empreendimento que foram as inúmeras entrevistas que realizou e estão reunidas em livro – para a posteridade.

E o jornal decerto que continuará a honrar os seus valores. É o tributo mínimo que se lhe pode prestar.