Lisboa, 29 de dezembro de 2023 – A Associação Portuguesa de Imprensa (APImprensa) manifesta neste final de ano uma grande preocupação pelo futuro da imprensa em Portugal, solidarizando-se com todos os editores e demais profissionais do setor, que estão a atravessar esta fase muito complicada do ponto de vista económico e que está a ser acompanhada atentamente pela associação.
As notícias que têm vindo a ser divulgadas sobre a Global Media Group são mais um exemplo revelador do estado extremamente débil em que se encontra uma parte significativa da imprensa portuguesa.
A APImprensa tem vindo a alertar, nos últimos anos, para a sistemática falta de políticas públicas que deem uma resposta cabal aos problemas da comunicação social, que defendam a pluralidade e a sustentabilidade dos editores de imprensa e, assim, preservem a democracia portuguesa.
A APImprensa tem também apresentado um conjunto de propostas e medidas assertivas para inverter o rumo atual, como a compra antecipada de publicidade institucional, a criação de linhas de crédito bonificado para os editores, modelos de incentivo aos anunciantes de imprensa, acesso simplificado aos mecanismos de incentivo e apoio do Estado e campanhas de sensibilização para a iliteracia mediática. Contudo, estas e outras propostas têm sido sistematicamente ignoradas pelo poder político executivo ao longo dos anos. Estas medidas, postas em prática, permitirão que os editores de imprensa possam readaptar os seus modelos de negócio, sendo por isso fundamentais para que se mantenham financeiramente saudáveis e possam desempenhar o seu importante, insubstituível e cada vez mais relevante papel num mercado tão competitivo e desregulado como o digital.
As responsabilidades do Estado e de todos os intervenientes políticos no ecossistema da imprensa não podem ser encaradas levianamente pelos partidos políticos e devem ser avaliadas as devidas responsabilidades. É urgente a criação de uma entidade pública que permita ao Estado tomar as decisões corretas em tempo oportuno e não deixar acontecer situações como a que está a viver a Global Media Group.
As responsabilidades do Estado e de todos os intervenientes políticos no ecossistema da imprensa não podem ser encaradas levianamente pelos partidos políticos e devem ser avaliadas as devidas responsabilidades.
A imprensa em Portugal está a reinventar-se – vejamos o que está a acontecer noutros grupos de edição de imprensa – e necessita do apoio de todos, pois é a todos que a imprensa serve no seu papel escrutinador na defesa e garantia da democracia.
A APImprensa apela a todos os agentes políticos que executem as necessárias ações para, de uma vez por todas, e a exemplo do que acontece em algumas das democracias mais avançadas do mundo, valorizem o papel das empresas jornalísticas que diariamente contribuem, com o seu poder de informar, para um Portugal com futuro.
A forma amorfa como tem sido encarada pelo Estado a subsistência da imprensa no nosso país deve ser repensada antes que seja tarde demais. A APImprensa está disponível, como sempre esteve, para fazer parte da solução deste que é um enorme problema nacional. Não há democracia sem imprensa!